Iniciei este website há algum tempo com o objetivo de guardar por escrito, a expansão dos meus conhecimentos e experiência na área de gestão de riscos financeiros. E também outras coisas como programação com R, modelagem econometrica e um pouco sobre data science e machine learning. Entçao vou utilizar esta publicação como o pontapé inicial, e começar a discorrer textos e exemplos aplicados em riscos financeiros.
Não vou fazer uma descrição generalista e completa do que é risco financeiro e seus processos de gestão, pois isso pode ser encontrado facilmente em sites como o wikipedia.
Mas risco, no sentido mais básico, é a possibilidade de que coisas ruins possam acontecer. Os humanos evoluíram para gerir riscos como os animais selvagens fazem. No entanto, a nossa consciência do risco nem sempre é adequada ao mundo moderno.
A ciência comportamental mostra que confiamos demasiadamente no nosso instinto e na experiência pessoal, pois os preconceitos distorcem os nossos processos de pensamento. Além disso, mesmo a forma como enquadramos as decisões de risco influencia irracionalmente a nossa vontade de assumir riscos.
Mesmo assim, exemplos surpreendentemente sofisticados de gestão de risco podem ser vistos no início da história. Nos tempos antigos, os comerciantes e os seus credores partilhavam o risco, vinculando o reembolso dos empréstimos à chegada segura das remessas através de empréstimos marítimos (ou seja, combinando empréstimos com um tipo de seguro). Podemos ver algumas referências aqui e aqui també.
O contrato de seguro separou-se do contrato de empréstimo já no século XIV no norte de Itália, criando o primeiro instrumento autónomo de transferência de risco financeiro. A partir do século XVII, pode-se traçar uma abordagem mais metódica à matemática do risco. Seguiu-se o desenvolvimento da transferência de risco baseada em câmbio, sob a forma de contratos de futuros agrícolas, nos séculos XVIII e XIX. Algumas outras referências aqui.
Essa abordagem metódica continuou a evoluir no século XX e posteriormente, com grandes avanços na teoria financeira na década de 1950; uma explosão nos mercados de gestão de risco a partir da década de 1970; e o surgimento de novos instrumentos, como o seguro contra riscos cibernéticos, no início do século XXI. A gestão de riscos é uma arte antiga, mas uma ciência jovem – e uma profissão ainda mais jovem.
A forma como pensamos sobre o risco é o maior determinante para reconhecermos os riscos, avaliá-los adequadamente, medi-los utilizando métricas de risco apropriadas e conseguirmos geri-los.
Nas próximas publicações irei trazer um conteúdo introdutório que analisará as definições de risco, o processo clássico de gestão de risco, os principais tipos de risco e as ferramentas utilizadas para rastrear riscos e tomar decisões.
A maioria dos desastres de gestão de riscos são causados pela falha em reconhecer e/ou lidar adequadamente com um ou mais destes elementos fundamentais, e não pela falha de alguma técnica sofisticada de gestão de riscos. Instituições financeiras centenárias foram à falência porque os seus procedimentos de gestão de risco ignoraram um certo tipo de risco, compreenderam mal as ligações entre os riscos ou não seguiram os passos clássicos do processo de gestão de risco. Como observamos recentemente a falências de algumas instituições financeiras, tanto no Brasil quanto no mundo.
Eu dedicarei um espaço especial para trabalhar nesse conteúdo, que estará disponível na aba “Risco” no menu superior.